Investigação mostra vítimas pedindo ajuda a influenciadora Karol Digital após prejuízos com jogos de azar
Influencer foi presa pela Polícia Civil suspeita de ganhos ilícitos com jogos de azar Reprodução Instagram Karol Digital/Arte g1 Vítimas que perderam dinhe...

Influencer foi presa pela Polícia Civil suspeita de ganhos ilícitos com jogos de azar Reprodução Instagram Karol Digital/Arte g1 Vítimas que perderam dinheiro em jogos de azar online enviaram mensagens pedindo ajuda para a influenciadora Karol Digital pelas redes sociais. As conversas foram encontradas pela Polícia Civil durante as investigações da operação FRAUS. Segundo o inquérito, a influencer oferecia dicas e até vendia mentorias prometendo ganhos em apostas, mas usuários tiveram grandes prejuízos financeiros. Karol Digital foi presa no dia 22 de agosto deste ano, em um condomínio de alto padrão, em Araguaína, no norte do Tocantins. O namorado dela, Dhemerson Rezende Costa, também foi preso preventivamente. Eles são suspeitos de exploração ilegal de jogos de azar, associação criminosa, lavagem de dinheiro e crime contra a economia popular. Em entrevista à TV Anhanguera, a defesa dos dois negou envolvimento de ambos com atos ilícitos e diz que "tudo será esclarecido". Também afirmou, em nota, que recorreu ao Supremo Tribunal Federal, pois acredita que há ilegalidades na investigação e que a prisão da investigada é "desumana", pois ela "está em estado de saúde extremamente complicado" (veja nota abaixo). Segundo a Polícia Civil, Karol utilizava o próprio perfil nas redes sociais, onde tem mais de 1,5 milhão de seguidores, para explorar jogos de azar por meio de parcerias com diversas casas de apostas. 📱 Clique aqui para seguir o canal do g1 TO no WhatsApp As investigações apontaram mensagens de seguidores de Karol pedindo ajuda financeira, após perderem altas quantidades de dinheiro. Segundo o inquérito, as vítimas compravam mentorias em que a própria suspeita ensinava como ganhar nos jogos de azar. Este é o caso de Maria (nome fictício para preservar a identidade da vítima), que em setembro de 2022 teria enviado uma mensagem para a influenciadora pedindo ajuda financeira. Maria ainda informou à Karol Digital que os jogos não deram certo com ela e que havia perdido cerca de R$ 17 mil em apostas. “Queria te contar minha história em jogos e se você pode me ajudar. Comprei sua mentoria há um tempo, mas os jogos para mim não deram certo. Sei que cada um procura para si o que quer. E eu queria era mudar de vida com os jogos. Porém, deu tudo errado e perdi 17 mil, dinheiro que vinha guardando há anos para comprar uma moto para mim. Eu não trabalho, sou dona de casa, vim guardando esse dinheiro do auxílio Brasil e do que sobrava da pensão dos meus filhos”, afirmou a vítima, de acordo com inquérito. Maria Karollyny Campos Ferreira, conhecida como Karol Digital, e os outros alvos da Operação FRAUS são suspeitos de movimentarem mais de R$ 217,6 milhões entre janeiro de 2019 e outubro de 2024. A fortuna seria proveniente da exploração de jogos de azar ilegais. A Operação FRAUS contou com 40 policiais e cumpriu 23 ordens de busca e apreensão em endereços ligados à influenciadora, autorizados pela 1ª Vara Criminal de Araguaína. Usuária pediu R$ 60 mil para 'amenizar dívidas' Influenciadora é presa suspeita de movimentar R$ 217 milhões com jogos ilegais Conforme as investigações, Karol postava sobre “ganhos” em suas redes sociais com a intenção de enganar seguidores, mostrando resultados de plataformas diferentes das que ela estava sendo paga para promover. Outra vítima que teve prejuízos com as plataformas é o José (nome fictício para preservar a identidade da vítima), que procurou a influenciadora após perder cerca de R$ 10 mil. Assim como outras vítimas, ele não teve resposta. “Cara acabei de conhecer seu perfil agora. Eu jogo há um tempinho, já fiz alguns poucos ganhos, nada extraordinário e apliquei vários métodos que falam. Vejo uma menina postando dia todo ganhando e fiquei meio na dúvida. Cara sou casado, pai de família, estou desempregado e entrei no desespero de tentar ver se isso era verdade. Estou no desespero total, perdi quase 10 mil e arriscado a acabar casamento e tudo, estou desesperado”, relatou outra vítima. Ainda conforme o inquérito, em dezembro de 2022, outra vítima entrou em contato com Karol, relatando que, devido às perdas durante as apostas promovidas pela influenciadora, ela teria entrado em estado de depressão. Conforme a usuária, ela precisaria de cerca de R$ 60 mil para “amenizar” as dívidas feitas por meio dos jogos ilegais. “Sei que é chato que as pessoas te pedem ajuda o tempo inteiro! Eu faço isso, porque gosto, não sou viciada! Você pode me ajudar de alguma forma? Tendo contato com alguém que feche comigo ou algo do tipo, eu preciso de R$ 60 mil para organizar as coisas”, relatou. O documento aponta que Karol seguiu postando links de jogos de azar de plataformas ilegais em seu perfil. “Quanto à contemporaneidade, consta da representação que a investigada, em 24 de maio de 2025, continuou postando links de plataformas de jogos de azar em seu perfil, o qual o Ministério da Fazenda informou que não possui autorização para exploração comercial”, diz a decisão do juiz Kilber Correia Lopes, que autorizou a prisão da influenciadora. Mensagens enviadas a Karol Digital por pessoas que perderam dinheiro Reprodução/Polícia Civil LEIA MAIS: Carros, mansões e fazendas: influenciadora presa por promover jogos de azar ostentava vida de luxo Jogos online, fortuna e ostentação: o que se sabe sobre a prisão da influenciadora suspeita de movimentar R$ 217 milhões Influenciadora movimentou R$ 217 milhões Segundo a decisão que autorizou as prisões, o valor total movimentado pela influenciadora no período investigado foi de R$ 217.662.276,70, sendo R$ 108.404.662,00 a título de crédito e R$ 107.318.589,00 em débito. Os suspeitos operaram 30 contas bancárias em 11 agências de 13 instituições financeiras diferentes. Para a Justiça, houve “grande movimentação financeira incompatível com a renda declarada, além do uso de empresas de fachada para lavagem de dinheiro, ocultação de bens de luxo, promoção fraudulenta de jogos de azar e conversas indicando corrupção e fraude”, por parte da influenciadora. A quebra de sigilo bancário dos investigados revelou ainda depósitos de plataformas ilegais recebidos por Karol, em suas contas pessoais, que somaram R$ 37.209.761,91. A influenciadora também teria recebido dinheiro de empresas intermediadoras que estão baixadas, suspensas ou possuem reclamações por enganar pessoas com jogos de azar. “Há indícios de que havia uma falsa promessa de ganho quando, na verdade, o jogo que ela ensinava não era, digamos, verdadeiro, né? Então, há indícios de que a senhora Maria Karollyny também fazia esse tipo de atitude, tentando ludibriar os seus seguidores com a falsa promessa de ganho rápido e volumoso”, explicou a promotora de Justiça Jeniffer Medrado. Íntegra danotas da defesa Socorreu-se ao STF (Supremo Tribunal Federal), onde a relatora preventiva é a Ministra Cármen Lúcia, para requerer o sobrestamento da investigação, bem como a revogação de todas as medidas assecuratórias. Isto porque o RIF (Relatório de Inteligência Financeira) advindo do COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) não foi obtido com autorização judicial, bem como não foi enviado de forma espontânea pelo COAF. Tal fato implica em ilegalidade da investigação, além de não observar os mais recentes entendimentos da Suprema Corte em relação à matéria. Confia-se no Poder Judiciário e na celeridade de suas decisões para coibir o fishing expedition e garantir a preservação da Constituição Federal e do Estado Democrático de Direito. Ademais, informa-se que a prisão é desumana, uma vez que a investigada enfrenta estado de saúde extremamente complicado, decorrente de cirurgia realizada na véspera de sua prisão. O direito humano e a dignidade devem sobrepor-se a qualquer requisito do artigo 312 do CPP (Código de Processo Penal). O ordenamento jurídico brasileiro não comporta prisão antecipada ou degradante, sobretudo quando se trata de supostas imputações que, se ocorridas, se amoldariam apenas como contravenção penal. Investigação apontou que Karol Digital adquiriu carros de luxo Reprodução Instagram Karol Digital/Divulgação Polícia Civil Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.