Decks de madeira, varandas e luxo: veja imagens de pousada que teria sido construída com dinheiro de cestas básicas, segundo a PF
Veja imagens da pousada que está no nome do filho de Wanderlei Barbosa Imagens feitas na pousada da família do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) mos...

Veja imagens da pousada que está no nome do filho de Wanderlei Barbosa Imagens feitas na pousada da família do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) mostram a estrutura luxuosa que está sendo construída em um dos principais pontos turísticos de Palmas, o distrito de Taquaruçu. A investigação da Polícia Federal, na segunda fase da Operação Fames-19, aponta que o local teria recebido dinheiro desviado de recursos públicos para a compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19. O governador foi afastado do cargo nesta quarta-feira (3), após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A primeira-dama, Karine Sotero Campos, que ocupava o cargo de secretária extraordinária de Participações Sociais, também não poderá seguir na função pelo mesmo período. 📱 Clique aqui para seguir o canal do g1 TO no WhatsApp O governador afirmou, em nota, que recebe a decisão com respeito às instituições, mas se trata de uma "medida precipitada". Afirmou que os fatos ocorreram na gestão anterior, quando tinha o cargo de vice-governador e não era ordenador de despesas. A primeira-dama informou que vai "comprovar total ausência de participação nos fatos" (veja as notas abaixo). Segundo a decisão do STJ, são investigados os crimes de frustração ao caráter competitivo de licitação, peculato, corrupção passiva, lavagem de capitais e formação de organização criminosa. A polícia estima um prejuízo superior a R$ 73 milhões aos cofres públicos com desvios de recursos para compra de cestas básicas e frangos durante a pandemia. PF: dinheiro desviado no Tocantins foi usado para construir pousada de luxo Dinheiro investido em pousada de luxo Conforme decisão do ministro Mauro Campbell, que autorizou os afastamentos e o cumprimento de 51 mandados de busca e apreensão, parte do dinheiro desviado para a compra de cestas básicas no período da pandemia de Covid -19, que deveriam ser para famílias em situação de vulnerabilidade, foi empregado na construção da pousada Pedra Canga. Imagens que o g1 e TV Anhanguera tiveram acesso mostram a construção do empreendimento, localizado no distrito que fica a 30 km da capital. Com um aspecto mais rústico, o local possui grandes varandas, decks de madeira e ambiente totalmente integrado à área de vegetação da serra de Taquaruçu. Segundo investigação da Polícia Federal, a pousada está no nome do filho do governador, Rérison Antonio Castro Leite, superintendente do Sebrae Tocantins. Em nota, a defesa de Rérison afirmou que ele não foi alvo da operação e que não teve acesso ao processo. Destacou ainda que como o superintendente não é servidor do Estado, não tem nenhuma vinculação com os crimes investigados. O Sebrae Tocantins informou em nota que não tem nenhuma ligação com o fato (veja notas na íntegra abaixo). O g1 também questionou a defesa de Wanderlei Barbosa sobre as investigações relacionadas à pousada, mas não houve resposta até a última atualização desta reportagem. A polícia apontou que o intuito do grupo era ocultar indícios de lavagem de dinheiro por parte do chefe do Poder Executivo Estadual. Também foi apurado que entre junho de 2022 e julho de 2023, Wanderlei, Rérison e do deputado estadual Léo Barbosa (Republicanos), que também é filho do governador afastado, destinaram mais de R$ 2,4 milhões às contas do empreendimento. Léo afirmou em nota que colaborou com as diligências da Polícia Federal e que a a análise do material apreendido demonstrará a lisura de sua conduta fato (veja nota na íntegra abaixo). A decisão do STJ mostrou ainda uma conversa entre o filho do governador e um chefe de gabinete do pai, no dia 21 de maio de 2024, que, supostamente, aponta para o uso ilícito do dinheiro público. "Rérison orienta [chefe de gabinete] a deixar todos os apontamentos averbados na JUCETINS, referentes à Pousada Pedra Canga, em seu nome, ratificando o escopo atual e contemporâneo de dissimulação do capital ilicitamente auferido no governo do Estado, para ser empregado em sua edificação", diz trecho da decisão do ministro Mauro Campbell. Conforme é apurado na Operação Fames-19, foram pagos mais de R$ 97 milhões em contratos para fornecimento de cestas básicas e frangos congelados. O prejuízo aos cofres públicos é estimado em mais de R$ 73 milhões. LEIA TAMBÉM: Governador do Tocantins e primeira-dama são afastados pelo STJ durante investigação sobre compra de cestas básicas Ex-marido de primeira-dama recebeu R$ 1,3 milhão de empresas investigadas por desvio de verba para cestas básicas, aponta PF Fames-19: entenda como funcionava o esquema de cestas básicas Laurez Moreira assume governo após afastamento de Wanderlei por suspeita de corrupção Pousada está sendo construída em Taquaruçu Reprodução/ Redes sociais Operação Fames-19 Esta é a 2ª fase da Operação Fames-19, que busca reunir novos elementos sobre o uso de emendas parlamentares e o recebimento de vantagens indevidas por agentes públicos e políticos com a compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19. Segundo a decisão, são apurados os crimes de frustração ao caráter competitivo de licitação, peculato, corrupção passiva, lavagem de capitais e formação de organização criminosa. Com o afastamento de Wanderlei, quem assumiu o cargo é foi vice, Laurez Moreira (PSD). Conforme a PF, as investigações apontam fortes indícios de um esquema de desvio de recursos públicos em 2020 e 2021, no governo de Mauro Carlesse. Nesse período, os investigados teriam se aproveitado do estado de emergência em saúde pública e assistência social para fraudar contratos de fornecimento de cestas básicas. Ministro do STJ detalha motivos da decisão do afastamento de Wanderlei Barbosa Em agosto de 2024, Wanderlei Barbosa e a esposa foram alvos de busca na primeira fase da operação. Nessa fase, políticos e empresários estavam entre os alvos. Durante o cumprimento das buscas na casa e no gabinete de Wanderlei, os policiais federais encontraram R$ 67,7 mil em espécie, além quantias em dólares e euros. Os nomes de dez deputados estaduais aparecem na investigação do desvio de verbas que seriam usadas para a compra de cestas básicas durante a pandemia. Ao todo, foram destinados R$ 38,2 milhões para a contratação das empresas supostamente envolvidas na fraude envolvendo as cestas básicas, segundo a Polícia Federal. Primeira dama Karine Sotero e o governador, Wanderlei Barbosa, foram afastados Reprodução/Instagram Wanderlei Barbosa Íntegra da nota de Wanderlei Barbosa Recebo a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) com respeito às instituições, mas registro que se trata de medida precipitada, adotada quando as apurações da Operação Fames-19 ainda estão em andamento, sem conclusão definitiva sobre qualquer responsabilidade da minha parte. É importante ressaltar que o pagamento das cestas básicas, objeto da investigação, ocorreu entre 2020 e 2021, ainda na gestão anterior, quando eu exercia o cargo de vice-governador e não era ordenador de despesa. Reforço que, por minha determinação, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e a Controladoria-Geral do Estado (CGE) instauraram auditoria sobre os contratos mencionados e encaminharam integralmente as informações às autoridades competentes. Além dessa providência já em curso, acionarei os meios jurídicos necessários para reassumir o cargo de Governador do Tocantins, comprovar a legalidade dos meus atos e enfrentar essa injustiça, assegurando a estabilidade do Estado e a continuidade dos serviços à população. Íntegra da nota de Karynne Sotero Reitero meu respeito à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e às instituições, ressaltando que irei dedicar-me plenamente à minha defesa, convicta de que conseguirei comprovar minha total ausência de participação nos fatos que estão sendo apontados. Desejo que tudo seja esclarecido e reestabelecido com brevidade e justiça, pelo bem do povo tocantinense, a quem dedico meu trabalho e compromisso. Íntegra da nota de Mauro Carlesse A defesa do ex-governador Mauro Carlesse lamenta os recentes acontecimentos envolvendo o Estado do Tocantins e esclarece que, durante todo o período em que Mauro Carlesse exerceu o mandato, inexistiu qualquer ato ou decisão de sua responsabilidade relacionado aos fatos apurados. Ressalta, ainda, que o ex-governador não figura como investigado, réu ou alvo de quaisquer medidas decorrentes da operação, não havendo, portanto, qualquer imputação contra sua pessoa. Por fim, a defesa reafirma sua confiança nas instituições e no pleno esclarecimento dos fatos, convicta de que a apuração confirmará a total ausência de envolvimento de Mauro Carlesse com os acontecimentos sob investigação. Íntegra da nota da Secretaria Estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas) A Secretaria Estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas) informa que tem colaborado com as investigações e encaminhado informações aos órgãos de controle internos e externos para instruir as tomadas de contas que foram instauradas. A Setas reforça seu compromisso em colaborar com as autoridades competentes. Íntegra da nota da defesa Rérison Castro Ele não foi alvo da operação. Não temos acesso ao IPL, à representação e à decisão que determinou as medidas cautelares. Certo que o Rérison não é servidor do Estado e não tem nenhuma vinculação com os crimes investigados. Íntegra da nota de Léo Barbosa Tenho convicção de que meu trabalho parlamentar sempre se limitou às funções legais de apresentação de emendas, sem qualquer envolvimento na execução de contratos ou na gestão de recursos públicos. Colaborei integralmente com as diligências da Polícia Federal e estou seguro de que a análise do material apreendido demonstrará, de forma clara, a lisura da minha conduta. Íntegra da nota do Sebrae O Sebrae Tocantins esclarece que não tem nenhuma ligação com o fato. Ressalta-se, ainda, que no período investigado o atual superintendente, Rérison Antônio Castro, não integrava o corpo técnico da instituição. Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.